Coleção Thereza Santos

A Coleção Thereza Santos reúne o acervo da atriz, teatróloga, pesquisadora, professora, publicitária e ativista que dá nome à coleção. Thereza Santos (1930-2012) foi principalmente militante de viés marxista que lutou pelos direitos dos negros e pela questão da mulher negra no Brasil, tendo até mesmo atuado como assessora de cultura afro-brasileira da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e auxiliado nas lutas por liberdade de Moçambique e Guiné-Bissau, além de promover a cultura em Angola através da fundação da primeira Escola de Teatro no país.

Durante seu tempo na África, acolheu um conjunto de 165 obras de arte africana denominadas “tradicionais”, identificáveis seguindo critérios de análise formal e estilística na coleção, disponíveis em diversas bibliografias sobre o tema, incluindo ainda livros, estátuas, anotações, pinturas entre outros.

Como dramaturga Thereza escreveu títulos como “História de Angola” e “África” encenadas durante os anos que esteve em países africanos no momento da consolidação dos novos Estados nacionais, e a importantíssima obra “E agora… falamos nós” que escreveu em co-autoria com Eduardo de Oliveira e Oliveira, que foi elaborada após a ocorrência de atos racistas sofridos pela atriz durante a ditadura. A peça contou com um elenco formato somente por atores negro e teve como objetivo a conscientização para a vivência do povo negro no Brasil.

Após anos de atuação no teatro, na televisão e no cinema, Thereza recorreu a outra modalidade da arte de performar, em especial o carnaval. Foi na escola de sambistas como Cartola que Thereza Santos organizou coletivamente as mulheres ao fundar um departamento exclusivo em uma dessas escolas para levar o conhecimento político que possuía, ampliando ainda mais sua sede por justiça social. Thereza, que já lutava desde sempre pelos direitos dos negros, passa a debater, ao lado de Lélia González, sobre a vida da mulher negra com mais propriedade e que se reflete nos títulos que compõem sua coleção.

Thereza era muito engajada politicamente e acreditava que entretenimento e política não poderiam ser separados um do outro. Foi assim que decidiu viajar para a África e ajudar na luta armada por liberdade dos países emergentes. Moçambique e Guiné-Bissau já haviam conquistado sua independência apesar de não ser abertamente reconhecida por Portugal, gerando conflitos socioeconômicos, que só foram resolvidos graças à luta de classes nesses países.

RIOS, Flávia. A trajetória de Thereza Santos: comunismo, raça e gênero durante a ditadura militar. In: Plural, Revista do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, v. 21.1, 2014, pp. 73-96.

Autoria

Amarildo Rodrigues da Silva Júnior e Malik Asbahr Nasser

Fotografias Coleção Thereza Santos por: Rodrigo Zanin (@rodrigozanc)