Fundo Carlos Leôncio Magalhães (Nhonhô Magalhães)
Carlos Leôncio de Magalhães (Araraquara, 1875 - São Paulo, 1931), também conhecido como Nhonhô Magalhães, foi um importante fazendeiro de café do estado de São Paulo no início do século XX. Além de ter sido um membro exímio para a Sociedade Rural Brasileira, também possuía diversos empreendimentos, tais como, uma casa comissária e uma empresa financeira, cujos negócios o tornariam o mais rico fazendeiro paulista da época. Filho de Carlos Batista de Magalhães, também fazendeiro, comerciante e empreendedor de uma grande empresa ferroviária, Nhonhô Magalhães trabalhou na administração das fazendas do pai e foi a partir daí que começou a criar fazendas por conta própria.
Seus feitos começaram quando era ainda jovem, logo aos dezesseis anos passou a comprar fazendas em Matão (interior de São Paulo), na região de São Carlos, administrando e investindo em produção agrícola, tornando-se assim posteriormente o dono da maior propriedade agrícola e produtora de café do estado de São Paulo. Mas não foi somente ao café que se dedicou. Carlos Leôncio de Magalhães transformou suas fazendas em produtoras de madeira, criadouros de gado e cana de açúcar. Também fundou sua própria casa comissária, um banco e financiadora.
O Fundo Nhonhô Magalhães instalado na UEIM, no prédio do Centro de Educação e Ciências Humanas, no campus de São Carlos, abarca um vasto material que diz respeito a um período de quase cem anos, principalmente das décadas de 1910 e 1920, quando os negócios do fazendeiro Carlos Leôncio de Magalhães estavam no auge, abrangendo assim a época do ciclo do café, o processo de imigração e de industrialização do interior de São Paulo. O material apresentado no acervo é composto por copiadores de cartas, correspondências recebidas, livros de contas, folhas de pagamento de empregados, listas de colonos, registros da colheita, mapas de fazendas, escrituras, títulos, contratos, relatórios, hipotecas, recibos, diversos documentos comerciais, recortes de jornais, fotografias e discursos do próprio Carlos Leôncio de Magalhães, remontando assim o período em que viveu e progrediu.
O Fundo foi adquirido pela UFSCar em 1998, por intermédio de uma doação da família Magalhães e inaugurado em 2010, a partir do resultado de um projeto amparado pelo Programa de Apoio a Bibliotecas e Arquivos da América Latina (PLALA) do Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Harvard. Esse projeto foi responsável pelo acondicionamento dos documentos em arquivos deslizantes e pela restauração de cerca de 200 mapas e plantas, que antes se encontravam em péssimas condições de conservação. As plantas referem-se à demarcação de fazendas e de colônias para imigrantes, imóveis residenciais, melhorias rurais, hospitais, capelas, usinas hidroelétricas e de produção de açúcar, situados tanto na região de Araraquara, como na própria capital do estado. Tais empreendimentos supracitados pertenceram às empresas do fazendeiro.
A coleção é importante para a história econômica, agrícola e social da região de São Carlos e do estado de São Paulo, principalmente quanto à imigração e à passagem da economia do café à economia industrial no estado.
- Acesse o inventário da coleção completa de Carlos Leôncio de Magalhães {pdf 1mb}.
- Algumas fotografias do fundo podem ser vistas na exposição virtual "imagens Fundo Carlos Leôncio Magalhães (Nhonhô Magalhães)" {link externo}.
- Para consultar a coleção presencialmente faça o agendamento aqui.
Curiosidades
Posses de fazendas
Carlos Leôncio de Magalhães possuía muitas fazendas, algumas ainda mais importantes para os seus negócios, como por exemplo, a fazenda Santa Ernestina, a primeira adquirida pelo jovem Nhonhô, onde fez seus primeiros milhares de réis. Na fazenda Itaquerê tinha por objetivo criar um modelo de produção diversificada, apesar de o café ainda ser a principal cultura, foi ali onde ele construiu uma usina de açúcar e uma usina hidrelétrica. Já sua fazenda Cambuhy, que possuía cerca de meio milhão de pés de café, duas mil cabeças de gado, casas de colonos e outras benfeitorias, foi vendida em 1924 para uma empresa de capital inglês, Brazilian Warrant, cuja transição originou o maior cheque já escrito no Brasil até então.
Inovações
Foi um dos primeiros cafeicultores brasileiros a investir na produção de café em larga escala. Ele utilizou técnicas modernas de cultivo e processamento para aumentar a produtividade e a qualidade do café produzido.
Organizou uma companhia de imigração e investiu em prédios na cidade de São Paulo, onde se mudou em 1912.
Cartas de Monteiro Lobato
Em carta datada de 1925, o famoso escritor Monteiro Lobato pede ajuda financeira ao fazendeiro Carlos Leôncio de Magalhães para salvar sua editora da falência. Entretanto o retorno não foi o esperado e sua editora faliu.
Autoria
Textos: Gustavo Ventura de Moura Dias e Vinícius Félix dos Santos
Imagens: Rodrigo Zanin (@rodrigozanc) e Arquivos UEIM