ANOS 1732 a 1830 - A Emancipação da Mulher

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Autoria: Jacques Novicow

Editora: Bertrand

Título: A Emancipação da Mulher

Cronologia: meados de 1800

Dimensões: 18.5 x 12.5 x 2 cm

Acervo: JPD N943e

          Na curadoria de Mulheres no Tempo, o livro "A Emancipação da Mulher" se destaca: sendo o mais antigo dos exemplares dessa exposição, e por conta da ausência de padrões editoriais de publicação, à primeira vista, até mesmo sua data de publicação é ambígua - possivelmente datando de 1732 até 1830, quase 1 século de diferença.

          Seu conteúdo, porém, não é. Escrito por Jacques Novicow - russo, que escrevia em francês, e em primeira pessoa - ele disserta sobre a realidade da vida da mulher na época: das expectativas às cobranças, da falta de direitos à emancipação. O primeiro capítulo é impactante: Novicow conta o caso da menina de 17 anos que, dando a luz a uma criança, "lança-la a um charco e volta para a casa". Se arrependendo, a menina volta para recuperar o corpo do bebê, e é vista à tarde, presumidamente por outros moradores da sua vila, em um ‘’estado quasi completo de demencia, meio gelada de frio, embalando com solitude o cadaver de seu filho’’. Depois, é prontamente condenada a trabalhos forçados por infanticidio.

          Aos olhos de hoje, pensaríamos que sua condenação teria sido de ordem resultando somente do "assasinato" do recém nascido. Porém, a realidade era bem mais complexa: 

"Qual foi a causa dos soffrimentos d’esta infeliz? A idéa, dominate no seu meio, de que traser ao mundo uma criança, sem ter realizado antes uma cerimonia, chamada casamento, é uma acção que deshonra para sempre uma mulher."

          Novicow apresenta diversos outros casos similarmente chocantes a esse. No decorrer do livro, ele examina o papel da mulher na antiguidade - quando eram excluídas de várias atividades sociais e econômicas, resultando em sua posição subalterna em relação aos homens -, uma análise histórica que serve como base para questionar a suposição de que as mulheres seriam inerentemente inferiores. Um dos aspectos mais marcantes do ensaio é a forma como Novicow refuta teorias biológicas que sustentavam essa inferioridade das mulheres. Ele argumenta que, em condições sociais justas, as mulheres demonstraram suas habilidades e talentos, contrariando as noções de suposta vantagem biológica dos homens.

          Curiosamente, este exemplar em específico conta com anotações escritas a lápis, de quem assumimos ser João de Camargo Penteado. Em uma das passagens, Novicow afirma que ‘‘esta idéas de que um grande numero das nossas instituições sociais teem por origem idéas subjectivas e que se não apoiam em factos naturaes [...] é muito difficil de fazer admitir, mesmo aos espíritos mais esclarecidos’’. Relativo a este trecho, João Penteado, assumidamente, puxa uma nota escrita em lápis: 

"Não uma idea subjectiva, e sim uma nêcessidade imperiosa"

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